terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O Juízo

 O Juízo...

Quem não tem juízo tem prejuízo.
Juízo é igual cabelo,
Quem tem tem, não adianta disfarçar.
Mas quem não tem, até o que tem tende a perder.
O juízo é um coisa rara,
Fácil de pedir para os outros,
Difícil tê-lo em nós.
Mais difícil ainda saber o que é...
Tenha dó!...
Ou melhor, tenha juízo!...
Juízo é tal como pulga atrás da orelha,
Todo mundo sabe o que quer dizer,
Mas ninguém nunca viu uma pulga,
Muito menos atrás da orelha...
Há até "dente do juízo",
mas juízo que é bom..., "niente",
Há quem chame juízo de "bom senso",
Outros de "equilíbrio" ou "discernimento",
Outros, ainda, de "ponderação" ou "prudência",
E uma série de outras coisas que quase ninguém consegue ter.
E eu também sei que se tivesse juízo
Não estaria aqui a escrever "abobrinhas".
Mas como você nada tem a ver comigo,
Nem com as minhas intempéries,
Então, você não tem desculpa!...
Tenha juízo!...
(Marcos Suzin...)

terça-feira, 26 de julho de 2022

E a Verdade?

 E a Verdade?

Não quero “dar na cara” de ninguém!...
Não preciso vencer para provar que posso...
Não sou chamado a convencer,
E, muito menos, “ficar martelando” ideias repetidas e irrefletidas.
Não é de meias verdades que se faz uma verdade inteira.
Nem a repetição de uma bobagem faz com se possa crê-la como verdadeira.
A verdade... O que é a verdade?
A Verdade é JESUS CRISTO!
Já o disse Santo Agostinho.
Uma vez conhecida, nada pode contê-la.
Não se pode escondê-la..., nem dela se apropriar.
É como a luz do sol (ou o próprio sol),
Que não pode ser contida, nem por nuvens espessas e pesadas.
Mas que queima os incautos que não A percebem ou não A querem perceber.
E a verdade é assim.
Não grita, não alarma, não se faz estrepitar.
Mas se dá a conhecer a quem A procura e queima quem A rejeita.
Por isso, não quero “dar na cara” de ninguém.
Quem quiser quer procure...
E encontre...
Porque Ele se deixa encontrar...,
Por quem O deseja, por quem O ama, por quem O quer conhecer.
(Marcos Suzin - 26 de julho de 2022)

sexta-feira, 10 de junho de 2022

As que vivem e as que fazem viver

 As que vivem e as que fazem viver

É mais fácil dizer 'não',
É mais fácil achar 'culpados',
É mais fácil uma fuga ou uma desculpa esfarrapada.
É mais fácil ser indiferente, exonerar-se e 'tirar o corpo fora'.
É mais fácil escolher o mais fácil, o 'mais do mesmo',
E ficar despachando as pessoas como pacotes.
Porém o mais fácil é fútil,
E no mais das vezes, ineficaz.
Outras tantas... é fazer por fazer,
O dissímulo, a mímica, a pantomima,
O nada e a coisa alguma.
É mais fácil ser igual,
Fazer o que todo mundo faz.
Mas o igual não faz a diferença.
A diferença exige zelo, tempo a despender,
Uma esmola de tudo o que não temos,
Porque as almas somente são úteis pelo sacrifício.
Não sejamos fáceis,
Não sejamos o 'mais fácil'.
Zelo, capricho, excelência....
Humanidade, empatia, interesse...
Nisto consiste a esperança,
De fazermos a diferença na vida de alguém,
A diferença entre a vida e a morte.
Não que isso tudo seja fácil,
A gente sangra e não se veem as feridas.
Mas é preciso extrapolar os paradigmas,
É preciso a assimetria e a dissimetria,
Tem de fazer a diferença,
Tem de ser decisivo.
Pode ser até que alguns de teus esforços se percam.
Pode ser que ninguém veja e o zelo se desperdice.
Pode ser que sejas objeto de ludíbrio e ingratidão
Mas não deixes de fazer a diferença,
Não te contentes com a mediocridade,
Porque é mais fácil ser 'mais do mesmo',
Mas é unicamente o zelo extremoso
Que distingue as almas,
Entre aquelas que apenas vivem e as que fazem viver.
Marcos Suzin (10 de junho de 2020).
Direitos autorais reservados. Em caso de citação, favor mencionar o autor.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Sempre a contemplar...

Sempre a contemplar...
Sinto falta de quem me faz falta...
E a saudade de quem saudoso é...
Não posso olhar sem olhar...
Nem sentir sem ver...
Talvez eu seja invasivo,
E pobre em discrição...
Mas quando vi já vi...
E aí não adianta mais desviar o olhar.
Talvez fosse melhor ser como o indiferente,
Do olhar altivo que só vê o que quer ver,
Que vive como se os outros não vivessem,
Que se alegra, mas não alegra ninguém...
Mas não consigo ser assim...
Eu sou puro olhar.
Queria ser olhar puro...,
Porque há algo de terrível neste olhar...
De tal modo espantoso...
E quando meus olhos fitam o inimigo...
Ah! Pense num "estouro de boiada"!...
Correm, descabelam-se, estatelam-se...
Atormentados pelo olhar de uma criança.
Nem sei como é meu olhar...
Eu mesmo pouco me olho...
Mas me enxergo!...
E sinto falta de quem me faz falta,
Lembro do olhar de quem não desvia o olhar.
Olhos nos olhos...
De quem fala a verdade...
Do olhar divino que me faz ver!
Do amor que me faz viver!
Da coragem que me faz vencer!
Com um olhar... verde-mar...
Sempre a contemplar....
(Marcos Suzin, 08-12-17).

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Poema da fé...

 Poema da fé...

Roubaram as minhas alegrias,
Tiram-me o pão da boca e o vinho da mesa.
Levaram minhas lágrimas,
Como se fossem nada.
Deixaram um grande vazio e uma solidão imensa.

Transformaram meu júbilo em angústia.
Meus momentos de festa em saturação de opróbrios.
E eu não tive nenhum direito,
Nem de irar-me, nem entristecer-me.

Andei pelo mundo como escravo,
E em tudo tive de morrer para mim mesmo.
Entre incompreensões eu cresci,
E, apesar dos conselhos de desânimo,
Eu plantei minha oração confiante.

Fui tido entre os incapazes e até por louco passei.
Mas, desde a juventude,
Eu sempre soube em quem depositava minha confiança.
E a minha confiança não foi frustrada.

Hoje olho tudo e vejo tudo.
Não sou acometido de cegueira alguma.
Aquilo que os olhos não veem,
A fé há muito já concebeu.
A fé viu, a fé ouviu, a fé profetizou.
A fé é o mais belo tesouro,
Que permite ver um Tesouro incomparavelmente maior,
Cristo Jesus, Amor e Misericórdia, Deus.
( Marcos Suzin, 18-10-2014).

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Na cabeça dos tontos


Na cabeça dos tontos

 

Você foi como um perfume de rosas...,

Que desapareceu da vida.

Não sem antes encantá-la,

E mostrar um paraíso de delícias...,

Um mundo que só existe na cabeça dos tontos.

 

Você foi um sopro...,

Uma brisa...,

Um espirro cheio de charme.

Uma mostra de tudo que era para ser...

Nunca é...

Nunca será...

E nem se sabe se um dia foi ou deixou de ser.

 

Você parecia verdade...

Mas que patacoada!...

Pueril!...  Frívola!...

Aliás, você existiu de verdade? Existe ainda?

Só sei que só resta de você...

- Nesses sussurros tétricos e inexplicáveis,

Que só se ouve na cabeça dos tontos -,

Um mar reminiscências cheio de engodos e caraminholas.

 

Que memória!...

Mas que coisa a esquecer!...

E todos os dias ressurge...

Teimosa e pertinazmente...

Em sussurros bissílados,

Monotônicos,

E com acento circunflexo.

 

Já me aborrece cedo, antes do sol nascer.

Você é como o suave gosto de uma bebida gelada!...

Ahhhh!... Mas que dor de garganta!...

Toda cheia de charme, delícias e efeitos colaterais.

 

Você nunca foi o que pareceu ser...

Aliás, você foi? Você existiu?

Ou é apenas uma lúgubre batida de um diapasão,

Que insiste em soar...,

E exalar...

Um perfume de rosas...

Que se esvai e desaparece...

Sem que eu possa saber,

Se foi real,

 Ou um mundo que só existe na cabeça dos tontos.

(Marcos Suzin, 23-08-2019).

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Soneto da Surdez

Soneto da Surdez
Não grite, por favor, não grite!...
E não se irrite com a minha perplexidade.
Não se enfureça por ter de repetir uma, duas, três...
E uma... E outra... E outra vez...
Na verdade, não é o estridente que me faz sábio,
Mas o mover de lábios que me permite compreender,
O bom proceder e o longânime e paulatino pronunciar,
Da palavra bendita e do bendito palavrear.
Deveria saber que a paciência é uma virtude,
Amiúde encontrada nas almas mais elevadas.
E que deveria cultivar, como atitude, a solicitude.
Pois se não está ao meu alcance compreender o sussurro,
Muito menos o urro..., menos ainda o chilique;
Não grite! Por favor, não grite!...

(Marcos Suzin, 16-01-2018)

sábado, 6 de maio de 2017

Sem que alguém as pudesse merecer...

Eu tinha um lugar reservado,
Mas quis trocar para manter as lágrimas ocultas,
Para que tombassem abundantes à face,
E assim tivesse algum alívio.

A decepção não vem com hora marcada,
nem manda avisos ou se dá a conhecer.
Mas apunhala pelas costas,
Como o "filho da perdição"..., 
como o ladrão finório, o ladrão que não ladra.

Depois quis remoer e remexer as feridas,
Entorpecer-se,
Dormir mais cedo,
Foi inevitável passar a semana toda com pontadas no peito.

E eu lutei, quis retomar a perda que era (in...)evitável,
Pisei o amor próprio e o orgulho,
nem mais os sabia o que era...
Eu me ceguei à realidade,
E tentei o impossível para não ver o notório.
Mas não levou o tempo de duas semanas;
E a verdade nua e crua se fez ostensiva;
E eu vi o quão em vão foram as minhas lágrimas,
Sem que alguém as pudesse merecer,
Ainda que por um momento vil...;
E o quão enganosas são as aparências,
E as reminiscências recorrentes,
Quando se está entregue às ilusões,
E à cegueira contumaz das paixões pueris.
(Marcos Suzin, 06-05-2017)

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Quero minhas lágrimas de volta...

Tinha de ter um "recall"...
Um "PROCON" pra gente reclamar,
E pedir de volta as lágrimas,
Quando chorou por quem não valia a pena.


Tinha de ter um bispo daqueles de antigamente,
Pra gente se queixar até mais não poder...,
Um formulário para preencher...,
Às escondidas pra ninguém ver.


E uma bolsa grande de viagem,
Pra gente guardar as bobagens que disse,
Tentando agradar quem destilava indiferença,
E pouco se importava com o significado de tudo.


Quero minhas lágrimas de volta,
Não para chorá-las novamente...
Quero minhas lágrimas de volta,
Apenas para não se sentir um estulto...


E eu prometo...
Cuidar delas com maior cuidado,
Para nunca mais tombarem à face,
À vista de quem não as puder merecer.
(Marcos Suzin, 04-05-2017).

sexta-feira, 17 de março de 2017

A Vida é...

A vida é...


A vida é como quem passa pela vida.
Devagar [ou divagando] ou velozmente...,
Depende das escolhas de cada um..., ...
Depende do quanto se está disposto a viver...
E deixar o que passou passar....



Não tentes agarrar a paisagem,
Deixe o que passou passar...
Deixe prá lá... Deixe prá cá... Mas deixe passar!...
Nada há de bom na lembrança que faz ressofrer [sic];
Deixe que os sussurros do lembrar percam o sentido;
E não permitas que pensamentos invasivos te façam trepidar.


Os demônios das lembranças ruminantes,
Sempre remexendo as feridas,
E sempre remoendo os passados,
Querem a todo custo deter-te no ressentimento.
Mas tu que vês a vertigem da vida,
E quão voltívolo e volúvel é a figura deste mundo,
Podes ainda agarrar-te às coisas passadiças deste mundo caduco?


É esta a viagem da vida,
Em que não nos é permitido voltar à estação de origem,
nem agarrar-se ao que passa.
Mas que se pode viver intensamente,
Plantando uma semente que possa ser colhida,
Quando não houver tempo para mais nada.

 (Marcos Suzin, 19-02-2017, 16:41)

terça-feira, 8 de março de 2016

Não posso buscar-te


Não posso buscar-te;
Não sei onde estás...
E... Além disso...,
A única lembrança que me invade,
É a dura face do desprezo,
A capacidade ímpar de dizer “Não!”,
De virar as costas, de “dar em ombros”.
É tudo o que lembro de ti...

Havia até uma tal “meiguice”,
Lá no tempo da meninice.
Diziam que tu tinhas...,
Que tu eras assim...
Doce como sabão de coco ou como a manteiga de cacau.
Quem te provou que o diga!...

Não posso buscar-te,
Pois ao lembrar-te, vem-me à mente a indiferença,
O azedume com ares de doçura,
A incúria, o maldizer...,
A pústula e o pusilânime,
O jeito impensado de demonstrar,
A insipiente e inconsequente,
E até irresponsável...
“Sinceridade!...”

Não posso buscar-te,
Pois nem sei como se chega a esse longínquo onde te meteste.
Não sei se à direita ou à esquerda,
Se vai ou se não vai além do paraíso dos fitólogos.
Se é lodo ou poeira, ou ambos...
Mas, por certo, encontraste o que procuraste...
Nas vis estradas dos espectros embusteiros,
Que até agora insistes em consultar,
Imprevidente e irrefletida,
Sequer se apercebendo que deles só recebes a impureza e a solidão!

E já me aborreço pouco em lutar contra esses – espectros - que me atiças!...
Dou-lhos uma boa “tunda de laço”!
E “corro” com eles...
Mas não demora... Nadinha...
E lá vêm eles novamente, sussurrando teu nome,
Monotônico, dissílabo, nada a ver contigo!
E eu me armo novamente,
Com paciência, água, óleo e o Saltério,
Porque não posso buscar-te...
- Nem que o queira -
Não posso buscar-te,
- Sequer em devaneios -
Não posso buscar-te....
- Mesmo que te busque todos os dias! -.


(Marcos Suzin, 08-03-2016, 12 horas)

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Eu me excedi!...


Eu me excedi!...


Deixei tantos recados,
Tantos sinais,
Tantas pistas...
Eu mostrei tudo o que era necessário,
Mais até no que precisaria a boa...
Ou má inteligência.


Eu me excedi!...


Mas nada viste, nada quiseste ver.
Pouco importava o pouco que precisavas andar,
Não andaste!
Não moveste uma palha sequer,
Nem em pensamento.


E ainda disseste que querias,
Que amavas,
Que te vangloriavas em desejos pueris.
Considerando que era teu,
O que nunca cultivaste.


Mil avisos tiveste.
Mil vezes te ensurdeceste.
E tapaste os ouvidos.


Eu gritei...
Eu insisti...
Eu não estava disposto a desistir!...

Mas anulastes os meus esforços,
Fazendo escolhas de extrema vileza.
Como se o meu amor fosse,
Um címbalo enfadonho,
Monotônico e nefando,
Mas que te ofertavas a felicidade,
Que não mais haverás de encontrar.
(Marcos Suzin, 18-08-15)

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Porta entreaberta

Tiram-me o pão da boca
E o sorriso do rosto...
E ainda tinham falsas mostras de amizade.
Em troca da minha candura,
Deram-me um prato cheio de abominações,
Um alimento impuro,
Uma vereda maldita,
Uma praga oculta e atraiçoada,
Da qual só fiquei livre por mão providencial.

Consideraram-me culpado,
Pelo mal que a si mesmo fizeram,
E ainda incluíram e fizeram descer meu nome,
Na podridão onde jazem as trevas,
Como parte de uma vingança sórdida,
E repleta de ardiloso engano.
Não foi o bastante a própria ruína,
Nada aprenderam...
E acabaram por reiterar essa sanha maldosa,
Pareando o meu epíteto com os nomes dos condenados.
E, não satisfeitas,
Vagaram pelo mundo em busca de males maiores,
Só encontrando dores,
Só esmagando as flores,
E crendo, estupidamente,
Naqueles que são todo embuste e maquinação.

Isso sem falar nas amarras,
E naqueles perversos que sussurram,
Um nome que antes nunca houvesse ouvido.
Mas a mão que me ampara é Amor e Misericórdia,
Não quer que alma alguma se perca,
E insta-me a interceder continuamente,
Para que se voltem à Luz,
As que tanto submergiram nas trevas.
Mas que não se demorem em demasia,
Por que a porta entreabre-se,
E entreaberta permanecerá algum tempo,
Até que se feche definitivamente.
(Marcos Suzin, 04-06-2015, 12h15min)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O amor que procuras...

Solte-me,
Deixe-me ir,
Desista dessas amarras,
Nossos caminhos não são nossos,
E o destino há muito fez outros planos.

Mas tu, o que queres?
Por que me aprisionas?
Não sabes que posso fazer essas amarras em pedaços?
Basta que o queira.

Entretanto, não quero te deixar assim, ao relento.
Quero que vejas e te submetas à Luz, à única Luz.
Aprenda o que é compunção e sinta.
Ou chame de remorso, se assim quiseres.

Não posso desejar-te o mal, nem mesmo o mal que me fizeste,
Mal que tantas dores me trouxe,
Mas que venci, pois eu conheci a Luz.
E a Luz venceu as trevas.

Mas o caminho da Luz passa pelo arrependimento
E uma sincera mudança de vida.
Nada de bom as trevas te trouxeram.
Porém a Luz pode te fazer encontrar o amor que avidamente procuras.

Marcos Suzin 23-01-2015.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Amor de Primavera...


Amor de primavera,
que não suporta o abrasar do verão,
e definha...
como a tenra haste da folhagem,
que se curva diante da menor contrariedade.

A inconstância é a sua marca;
volúvel como o vento,
como o pensamento.
Mal sabe o que quer,
e quando tem,
não sossega enquanto não perder.

E aí vagueia pelo mundo,
no afã de ouvir "novidades",
aí sente o vazio,
do amor deixado ao "Deus dará",
e revolve reaver o que "é seu",
mas que não é mais.

Aí revolta-se,
ao ver seu amado noutros ósculos,
em ditosas cadeias de amor perene.
Aí faz juras de ódio e maldizer,
e promete males injustos,
inclusive recorrendo à perfídia
de espectros sombrios.

Faz toda sorte de sortilégios,
mas a má sorte acompanha quem na sombra se oculta.
Nada tem do que quer;
aliás, sabe mesmo o que quer?
E se esvai dragada pelo tempo,
como se de passado fosse feita toda a existência.
E continua sendo - incorrigivelmente -,
um amor de primavera,
que não suporta o abrasar do verão,
não chega conhecer o outono,
nem sabe cuidar do - amor - que lhe foi confiado.

Marcos Suzin (17-12-2014)